No último dia 25 de outubro o Coletivo Bancários na Luta que integra a direção do Sindicato dos bancários de São Paulo (SP) junto com os Bancários de Santos e Região promoveram um debate com Rodrigo Britto, ex presidente do sindicato dos bancários do Distrito Federal (DF) e atual secretário de formação da CUT Brasília. Rodrigo tratou da experiência do sindicato em organizar os trabalhadores correspondentes bancários da região do DF, que se deu no início de sua primeira gestão como presidente no ano de 2007.
Conforme destacou o militante dos bancários na luta e dirigente do Sindicato dos bancários de SP Edilson Montrose, trata-se de uma ação pioneira em termos sindicais no ramo bancário, que colocou os bancários do DF na vanguarda da organização sindical de trabalhadores precarizados. Em sua fala, Rodrigo contou o histórico do desafio de organização destes trabalhadores, que tinham uma representação difusa, sendo representados por até 11 entidades sindicais.
Rodrigo destacou que o passo inicial do sindicato dos bancários do DF foi buscar diálogo com estas entidades sindicais com vistas a assumir a representação dos correspondentes bancários, promotores de crédito, correspondentes não bancários, dentre outros. Destacou também que foi feito um diagnóstico anterior de que estes trabalhadores não tinham uma representação sindical de fato, pois tais sindicatos não entendiam as dificuldades de seu cotidiano e não tinham ação efetiva em prol de seus interesses.
O sindicato dos bancários do DF construiu então uma forte conexão com estes trabalhadores, promovendo encontro com eles, adequando sua linguagem para dialogar com eles, afinal eram trabalhadores em sua maioria jovens e alheios a organização sindical. No ano de 2009 o sindicato fez uma reforma estatutária onde ampliou o registro sindical da representação e conseguiram organizar milhares destes trabalhadores, obtendo conquistas como na inclusão deles em negociações coletivas, ganhos salariais que chegaram a 30% e enfrentamento de problemas recorrentes como os de segurança e defesa dos trabalhadores em casos de diferenças de caixas, onde via de regra os trabalhadores eram obrigados a pagar a diferença.
Portanto, tratou-se de um caso muito bem sucedido de organização e defesa dos trabalhadores precarizados por parte do sindicato preponderante, que encontrou dificuldades a partir do ano de 2012 com as mudanças ocorridas no Ministério do Trabalho que valorizou os sindicatos que não fazem luta a partir das mudanças de mecanismos de validade dos registros sindicais e, conforme destacou em sua fala o dirigente nacional da Intersindical Antônio Carlos Cordeiro, promoveu a criação de mais de 10 mil sindicatos cartoriais, pouco atentos a luta cotidiana dos trabalhadores, incentivando a dispersão da representação sindical.
Os militantes do Coletivo Bancários na Luta e dirigentes da Intersindical Alexandre Caso, Vera Marchioni e Mané Gabeira ressaltaram também o pioneirismo e a acertividade da política dos bancários do DF de organizar estes trabalhadores, ressaltando que entendem que este deve ser o caminho a ser seguido pelos sindicatos dos bancários da Intersindical, pois só a incorporação dos trabalhadores precarizados é capaz de dar o vigor para as lutas necessárias do nosso tempo, considerando também que a categoria bancária diretamente contratada se encontra em declínio em termos numéricos e em termos de vigor para a luta.
Rodrigo foi convidado para novos debates dos bancários na luta que ocorrerão para dar continuidade a esse esforço de expandir a experiência de organização dos correspondentes bancários nos sindicatos preponderantes. Antônio Carlos Cordeiro defendeu que o caminho passa pela defesa da chamada contratação diferenciada, que assimila trabalhadores em diferentes realidades de direitos nas mesmas bases, sendo isso um combustível a mais para as lutas sindicais.
A esse respeito, Rodrigo declarou que “a contratação coletiva diferenciada, neste momento de precarização da legislação brasileira e formas de contratação trabalhista, é um instrumento para garantir novas conquistas e empoderar a organização de trabalhadores e categorias profissionais do ramo financeiro que estão fragilizadas e fora da proteção da CCT dos Bancários. O momento é de “sindecatear”, lutar é contratar para avançar.”