A pandemia do Coronavírus que afeta o Brasil e o mundo há mais de um ano tem gerado impactos diversos nas dimensões sanitárias, econômica e sobretudo em termos de vidas perdidas. No Brasil, já são mais de 300 mil mortos num número que não demonstra tendência de queda, sobretudo num contexto em que o governo brasileiro sob o comando de Jair Bolsonaro sabota as medidas de contenção do vírus e caminha a passos lentos com a vacinação.
No tocante ao mundo do trabalho, entre os que permaneceram trabalhando em atividades consideradas essenciais na pandemia, uma grande parte são de terceirizados. São estes trabalhadores, portanto, que junto com trabalhadores informais e precarizados em geral pagam a conta mais cara da pandemia.
Para citarmos um exemplo recente, na penúltima semana deste mês de março o campus da Universidade Federal de Lavras (UFLA) foi fechado após a morte de dois trabalhadores no intervalo de uma semana em decorrência da COVID. Tais trabalhadores eram contratados por empresa que presta serviço a UFLA, portanto eram trabalhadores terceirizados (ver notícia aqui).
No contexto da pandemia, a precarização do trabalho é um dos assuntos que, depois da saúde, mais impactam e preocupam o país. Reproduzimos entrevista da professora titular do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (FFCH/UFBA) Graça Druck que apresenta como historicamente a terceirização vem sendo desenhada no mundo e no Brasil e analisa como isso afeta o direito do trabalho e a organização dos trabalhadores.
Desde a pandemia, o cenário de demissões e de flexibilizações de direitos tem se intensificado. E segundo Graça, exatamente os trabalhadores de serviços essenciais, aqueles que não podem parar, são os que ocupam o maior número de contratos de terceirização. Para a pesquisadora, esses são resultados de um modelo que atende à agenda neoliberal e que, no Brasil, foi intensificado com a aprovação das leis nº 13.429 e nº 13.467, ambas em 2017, que, segundo ela, liberam a terceirização sem limite, retiram direitos trabalhistas e impedem a organização das diferentes categorias, tornando cada vez mais heterogênea a identidade dos trabalhadores.
Graça explica, nesta entrevista, que esse é um fenômeno global, mas alerta que países periféricos e classes mais pobres são as que mais sofrem com os impactos.
Confira na íntegra a entrevista com a Professora Graça Duck (ver aqui)