O Brasil contava com 1,5 milhão de trabalhadores atuando em aplicativos de serviços em 2022. Destes, 55,2% atuavam com o transporte de passageiros, enquanto outros 39,5% trabalhavam com entregas. Os dados são de um estudo inédito do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgado nesta 4ª feira (25.out.2023).
O estudo destaca que, em comparação com os empregados no setor privado, os brasileiros que operam em aplicativos de serviço trabalham mais horas semanais. O 1º grupo tem uma média de quase 40 horas semanais, contra 46 horas do 2º.
Já sobre a remuneração dos profissionais, o rendimento médio mensal dos trabalhadores que atuam por meio das plataformas online chegou a R$ 2.645 em 2022, 5,4% maior do que o rendimento médio dos demais ocupados, que é de R$ 2.510.
O valor, no entanto, varia conforme o grau de escolaridade. Entre aqueles com o menor nível de estudo, a remuneração chega a ser 30% maior do que as pessoas que atuam em outros serviços privados. Por outro lado, entre as pessoas com o nível superior completo, o rendimento fica em R$ 4.319, 19,2% inferior ao daqueles que não trabalham por meio de aplicativos de serviços.
O segmento mais prejudicado é o de motociclistas de entrega por aplicativo. O grupo recebe uma média de R$ 1.784 como salário, com quase 48h de trabalho semanal. Quanto ao perfil dos trabalhadores em plataforma, a pesquisa mostra que 81,3% são homens e 48% tem de 25 a 39 anos. No nível de escolaridade, 61,3% têm o ensino médio completo ou o superior incompleto.
O estudo ainda mostrou o grau de dependência que os trabalhadores do ramo possuem das plataformas em que atuam. Segundo o IBGE, 97,3% dos motoristas de aplicativos de transporte de passageiros e 84,3% dos entregadores por aplicativo afirmaram que a plataforma é responsável por determinar o valor recebido por cada tarefa.
O levantamento “Teletrabalho e trabalho por meio de plataformas digitais” da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) abrange indicadores sobre o perfil sociodemográfico e sobre as características do trabalho da população ocupada que utilizava plataformas digitais para o exercício do trabalho. Os dados dizem respeito ao 4º trimestre de 2022.
Segundo o instituto, as estatísticas divulgadas são iniciais porque ainda estão sob avaliação para atingir um grau completo de maturidade em termos de harmonização, cobertura e metodologia.
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Notas adicionais de nossa edição sobre a pesquisa do IBGE:
Motoristas de aplicativo trabalham 7 horas a mais por semana (do que os outros) para ganhar em média só R$ 42 a mais no fim do mês. Apenas 1 a cada 4 contribui para a previdência.
Entre os entregadores, os de aplicativo (IFOOD, entre outros) trabalham cerca de 5 horas a mais por semana pra ganhar em média R$ 426 a menos no fim do mês do que entregadores não plataformizados. Praticamente, 1 a cada 5 contribui para a previdência.